domingo, 24 de junho de 2012

Um ano de saudade

O tempo passa tão -absurdamente- rápido, né? O bom é que o tempo apaga, ameniza e limpa.
Não vou ficar com rodeios porque acho que uma grande proporção dos leitores daqui já sabem sobre o que estou falando. Pra quem não sabe e quer entender, dá uma lidinha aqui: http://nossomonologo.blogspot.com.br/2011/06/pai.html

Eu evito ler esse post porque sempre fico mal durante uma semana; tristeza, mal humor, e falta de educação não sabem se comportar quando fico muito triste e eles se misturam de uma tal forma que eu fico quase que intocável. Não me olha, não fale, não me encoste. Choro, xingo ou afasto.
 Hoje faz um ano que meu pai se foi e até hoje eu não consigo escrever sobre isso sem meus olhos começarem a coçar. Sabe aquilo que você sente quando lembra do ensino médio e você pensa que foi ontem? Isso acontece comigo sobre meu pai. Vocês não têm ideia do tanto de memórias que passaram agora pela minha cabeça.
 São abraços, brincadeiras, chapéus, versinhos improvisados (eis uma coisa que meu pai era bom, adorava fazer os outros rirem com uns versinhos engraçados), córrego, pesca, barraca, exposição, farda, brinquedos (...). Foi um revira-volta enorme na  vida da minha família quando ele se foi. Mas o tempo passou, fomos nos consertando devagarzinho, as coisas foram se ajeitando e aqui estamos. Talvez você nunca tenha passado por algo parecido (é exaustante -tanto psicologicamente quanto fisicamente- ficar sem alguém que esteve sempre do seu lado e era o ponto "forte" dentre todos) e eu, sinceramente, espero que não passem por isso tão cedo. Eu não tenho muitas fotos recentes* com ele, mas queria deixar registrado aqui que, assim como a saudade, o meu amor só aumentou com esse passar de tempo.
 2 dias atrás eu saía da faculdade após uma prova quando encontro uma amiga com os olhos perdidos pelo corredor. A cumprimento e pela primeira vez ela não abriu um sorriso. Ela falou que estava um pouco assustada e contou que um parente dela havia falecido naquele instante.
 Claro que eu quis ser forte e servir de apoio.. me despedi das outras amigas e me sentei com ela em um banquinho qualquer. Começamos a conversar sobre e uma lágrima correu dos olhos dela. Acho que ela não percebeu, mas meus olhos começaram a coçar também, mas segurei. Eu não sabia o que fazer, apenas fiquei ali abraçadinha com ela. Eu queria que ela sentisse o apoio e a força que não senti quando meu pai se foi, queria que ela soubesse que o tempo iria passar pra ela também e que tudo ia melhorar. Quão inocente eu fui? Eu sei que isso não ajuda, sei que não melhora, mas queria que o meu abraço fosse uma fonte de carinho, de força, de conforto... 
 Ela contou que se emocionou lendo o post sobre meu pai (o link exposto no começo) e me aliviei um pouco porque, apesar de tudo, ela sabia que eu tinha passado por algo parecido. Mas cá estou, forte, tentando servir de apoio. O tempo é um milagre; é tipo um recado do destino dizendo que nada vai ficar pra sempre. Nem a tristeza, nem alegria ou sentimento algum.
Obrigada, tempo, por mostrar que todos nós somos capazes de erguer a cabeça e mostrar pro próximo que eles também são. Obrigada também por mostrar que quem a gente ama sempre estará ao nosso lado, não importa como.




Obs: Deixo aqui um grande beijo pra minha amiga que perdeu seu ente querido. M., estou aqui pra você. 

Um comentário:

  1. é bem isso mesmo, o tempo transforma a dor em saudade e faz com que aprendemos a conviver com uns e a sobreviver sem outros.

    e você sabe, eu "estou aqui pra você" hoje e sempre que precisar.

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