quarta-feira, 11 de maio de 2011

No reflexo das estantes

Hoje o meu dia foi lindo. Começa com a hora que acordei, eram mais de meio dia. Eu não estava com fome, não almocei pra aproveitar a situação e não precisar lavar a louça. Com um artigo pra ser entregue dia 25, eu e uma amiga fomos à biblioteca pra pesquisar sobre o direito de morrer (qualquer opinião, conselho, ajuda ou trabalho já feito, me procurem). Procuramos o livro indicado: nada. Fomos pras revistas, que é no andar de cima. Eu nunca tinha pesquisado revistas, e não sabia que tinha que anotar o ano, o número, o volume e tantos outros detalhes mais. E também não sabia que você precisa pedir a bibliotecária pra pega-las pra você.
 Fomos no "balcão" e pedimos para a bibliotecária pegar as revistas que a gente tinha anotado, ela deu uma olhada e já viu que estavam faltando uns números e uns detalhes necessáios.
 A bibliotecária era uma "típica bibliotecária": usava óculos, tinha um cabelo não muito arrumado e já não era uma mulher jovem, a única diferença (entre ela e as bibliotecárias da minha imaginação), foi o pequeno anel na sua mão esquerda. Percebendo que faltavam alguns números pra buscar as revistas, a mulher começou a me explicar tudo o que faltava e como eu deveria anotar, chegando a virar o monitor pra que eu observasse melhor.
 Sem mentir nem aumentar, foram 35 minutos de explicação. Sabe aquele tipo de olhada que você daria pra sua colega, tipo "ei, porque ela não pega logo as revistas?"? Então, foram algumas desse jeito. Mas sabe o que deu pra perceber? Bom, pelo menos pra mim, ela é uma pessoa solitária. Ela queria puxar um assunto com a gente, dando satisfações e olhando todas as revistas, dizendo o dia que será entregue cada uma. Duas foram entregues hoje à noite.
 Acho que ela é uma daquelas pessoas que você poderia ficar conversando por horas, que tem 1001 histórias pra te contar de quando ela era mais jovem, com seus romances correspondidos e aventuras de sair escondido a noite com o suposto namoradinho. Talvez (pra continuar no clima de filme) eles não puderam ficar juntos, então ela foi obrigada a se casar com um cara que, até hoje, é seu parceiro.
 Eu queria ter um desses romances, se não fosse o fato de que, na casa dos meus pais, todas as janelas são meio super protegidas, com grades e tudo mais. Não haveria como fugir de casa (pelo menos não pelas janelas).Acho que a internet e toda a facilidade que ela trouxe de conhecer e conversar com pessoas, tirou o encanto de olho no olho, de sentir um friozinho na barriga e a outra pessoa perguntar o por quê de você estar olhando pra baixo. Mas, de um jeito ou de outro, eu já estou ligada a essa rede de não olhar no olho, de não se esconder quando a barriga esfria (já não sinto isso há muito tempo). A internet já me pegou.
 Eu me imaginaria sendo uma bibliotecária, com todos os livros ao meu redor e um enfeite no dedo da mão esquerda, esperando que algum aluno qualquer se interesse pelo meu olhar ou pergunte o que eu acho de algum livro qualquer.
                                                                                                                                 Nota: não acho que todas as bibliotecárias são solitárias.

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