quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Advotenis ou tenisvocacia, sei lá

Eu nunca tive um emprego sério. Na verdade, eu tive um só emprego e literalmente eu nunca o levava a sério. Trabalhei em uma loja de sapatos durante 2 meses. Meu trabalho era tedioso às vezes, mas as outras duas colegas que trabalhavam comigo mudavam tudo. Trança e Magra eram umas lindas que sempre contavam e "faziam" piadinhas. Trança era do tipo que te fazia rir com duas palavras. Era engraçado de como ela contava das clientes da zona ou das "tiazonas ricas" que sempre iam lá -compravam meia loja e eram as clientes preferidas delas. Eu nunca diferenciava as clientes (ok, diferenciava as prostitutas sim), até porque eu tinha um salário fixo e nunca ganhava comissão. Era meu primeiro emprego e eu não tinha motivo pra reclamar.
 Magra é do tipo mais séria, mas não "séria". Ela tinha "uns" rolinhos que te faziam ficar parada só esperando ela falar o que aconteceu logo em seguida. Seus casos eram iguais novela mexicana, com direito a ex-atual e briguinhas de vez em quando. Era estressante quando alguma cliente chegava e interrompia a história na melhor parte; coisa que sempre acontecia. Como eu era a mais nova e mais inexperiente, as lindas se aproveitavam e me empurravam as clientes mais chatas que olham a loja inteira sem levar nada.
 Claro que tinha aquela coisa delas se aproveitarem de mim, sempre pegavam a cliente no finalzinho pra ficar com a comissão, mas não ia fazer diferença pra mim... então eu deixava. Muitas vezes eu passava minhas "clientes satisfeitas" pra Trança, já que a Magra sempre vendia mais. Ela sabe vender como ninguém!
 Essa época foi apertada: estudava de manhã, trabalhava a tarde até umas 6 horas, ia pro cursinho. Quando não tinha cursinho, ia pro karatê. Por vezes eu matei cursinho pra ir treinar.
 Hoje, esperando uma entrevista pra estagiar em um escritório de advocacia, lembro do meu primeiro emprego. Lembro da Trança e da Magra. Lembro do Boné também, o cara que fazia o trabalho de fora, como fazer cobranças e, de vez em quando, guardar os sapatos mostrados. Trabalhar em loja de sapato não é fácil! Decorar cada lugarzinho de cada sapato, preço e lidar com pessoas diferentes não é pra qualquer um. Certo que existia a parte boa, das piadas, dias sem clientes, lanchinho da tarde... Mas não é fácil. Eu fico imaginando meu futuro emprego, que provavelmente será (se eu for selecionada) como uma secretária (ou office girl, pra ser mais exata). Meu futuro vai ser sobre isso? Dentro de uma sala mexendo com papéis? Eu não quero isso. Não vou quero advogar. Talvez as pessoas que trabalham em uma loja de sapato, que recebem menos que um advogado, são mais felizes. Eu não quero trabalhar em uma loja de sapato... ainda mais porque eu já comecei a faculdade. Mas minhas opções, apesar de serem muitas, não me dão muita alternativa de trabalhar fora do escritório. Delegada? Promotora? Bom... falar é fácil. Passar nesses concursos não é.
 O que eu nunca falei pra ninguém (exceto pro meu pai e pra minha mãe), é que trabalhar nessa loja me despertou um desejo de ter uma loja de tênis pra mim (eu tinha uma birrinha básica pra atender mulher, já que elas só olham sandália e eu não gostava muito de mexer com isso, porque eram milhares de sandálias e eu quase nunca acertava a caixa de primeira. Levava em média uns 7 minutos pra achar a tal sandália), tênis é uma coisa que me interessa. Eu sabia de cor onde estava cada modelo e o preço de cada um.
 Quem sabe eu abra uma loja de tênis? Prometo fazer de tudo pra levar Trança e Magra pra trabalharem pra mim! Mas por enquanto... bora estudar direitinho*.

 Pequeno detalhe: post ficou enorme, e ficaria mais ainda se eu não estivesse conversando com Cora. Agradeçam a @_coradavi por me fazer perder a inspiração. 

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